Sempre com bom humor e falando: vai dar td certo!! |
Três anos atrás vivi um momento crucial na minha vida, operar ou não um câncer com intervalo de menos de 1 mês entre a cirurgia de apendicite que o revelou e quase me matou. Meu pai havia morrido de câncer e receber aquele diagnóstico foi algo que nunca esquecerei. Felizmente em situações extremas é quando me sinto com sangue mais frio.
Não podia me dar o luxo de desmoronar, muito menos chorar na frente da família que tentava ser forte perto de mim, mas eu via os olhares de dúvida, coloquei dentro de mim que ou Deus faria um milagre na minha vida ou faria, afinal milagres existem e tenho certeza que acontece pelo menos 1 por dia no mundo todo, pelo menos. Até Ramones acredita em milagres, por que você duvidaria?
E ter sobrevivido e ter recebido a resposta, 20 longos dias depois, que o câncer havia desaparecido e eu não precisaria nem de quimioterapia nem de radioterapia me fez ficar sentindo muito especial mas ao mesmo tempo me fez perguntar, porquê eu tinha conseguido e outros não. Mas ali, eu renasci, passei a ter outros olhos pra vida, outros sentimentos, valores e virou questão de honra ser feliz a qualquer custo e fazer o maior número de pessoas à minha volta felizes. E mal sabia eu, ali nascia a GorDivah, uma militante inexperiente, abusada, mas com o coração cheio de amor e boa vontade pra espalhar luz, amor, estender a mão, oferecer o ombro e levantar uma bandeira contra o preconceito e opressão que pessoas fora do padrão sofrem.
Eu faço vídeos, edito, respondo perguntas, comentários, dou minha cara à tapa por amor às pessoas que estão precisando de uma força, e não tem muitas vezes com quem contar. Sei que demoro pra responder muitas coisas, mas, trabalho e tenho altos e baixos na vida como qualquer pessoa. Eu poderia ter sobrevivido e não decidir fazer nada além do que eu já fazia. Poderia ter continuado a mesma, mas, eu quis ir além e oferecer mais e fazer mais pelo mundo ao meu redor.
Sou blogueira/vlogueira/adm de página, inexperiente? Sim eu sou! Mas meus 20 anos de luta contra o preconceito que eu sofria, ter lidado com o câncer direta e indiretamente, ter sobrevivido, ter alcançado 150 kg em decorrência do câncer e fora os preconceitos que sofro toda semana e venço acredito que devem valer de alguma coisa. Muitas vezes sou incompreendida por ter me tornado uma pessoa intensa demais e revoltada demais em algumas situações, não tolero injustiças e tirania. E ter sobrevivido e continuar sobrevivendo, afinal ainda não recebi alta do oncologista, fez nascer em mim o desejo de cumprir uma missão enquanto eu estiver por aqui, ajudar´, levar amor luz e positividade para o maior número de pessoas que eu conseguir.
Ser uma sobrevivente do câncer me fez ver que cada ser é único e belo pois não há outro como ele, parei de enxergar com a lente da mídia, os óculos que a sociedade me empurrava. Me apaixonei pela luta contra a gordofobia, movimentos body positive e como um rio deseja fluir pro mar, eu desejo fluir essa energia, ideias e pensamentos para o máximo de pessoas possível. Você não é feia porque não é igual à capa da revista, porque não leva cantada na rua, porque pesa 3 dígitos, você é linda como é, porque é uma peça rara, única, inestimável, não dá pra calcular seu valor.
A vida é muito curta pra passar se odiando ou se escondendo de quem você ama, com dobrinhas, barriga, estria, celulite, cicatrizes, não importa. Comece a ser feliz hoje, procure médico, psicólogo o que for preciso, mas por favor pare de se odiar, você está viva e isso já é um motivo pra comemorar e se amar.
Não desperdice sua vida odiando e negando amor pra pessoa ais importante da sua vida: você mesma!
Obrigada a todos que me ajudaram e ajudam até hoje! E aos meus leitores por receberem de bom grado esse carinho, esse amor que demonstro no trabalho que levo a sério de lutar contra o preconceito, nas coisas que faço pensando em ajudar e fazer nem que seja uma pequena diferença na vida de uma única pessoa que seja. Eu não sobrevivi à toa e não vou deixar de retribuir com amor todo dia o fato de ter recebido o que pra mim foi um milagre, uma 3a chance, sim, já havia me deparado com a morte antes, mas isso fica pra outro post.