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quarta-feira, 31 de março de 2021

A Coadjuvante

 


Viver nas sombras é bom para agentes secretos que dependem disso para continuar vivos e concluir as suas missões, mas, para seres humanos comuns isso é bem desgastante. Ser sempre um personagem secundário é desanimador, principalmente quando se trata de vida sentimental. E acho que o roteirista da minha vida curte muito me colocar nessa posição. Estou tão cansada de ser sempre a amiga, aquela que acolhe, que dá o colo e ouve, compreende, diverte e serve para horas e horas de conversa, mas, nunca aquela que acelera os corações.

Cansada de ouvir o quanto sou maravilhosa, uma das pessoas preferidas da vida e nutrir sempre um amor unilateral. Ser considerada a parceira, irmã, confidente e nunca ser vista como a mulher que sou. Não é pedir muito querer ser notada como mulher  uma vez na vida minha gente. E esse looping desgasta, parece que sempre chego atrasada na distribuição de papéis principais na vida ou não passo no teste para protagonista quando há uma dupla de protagonistas no enredo ahahahahhaah. É como andar com um crachá onde diz MIGA, e ser sempre tratada única e exclusivamente assim pelo sexo oposto, sendo hétero. E assim surge um desejo incontrolável de me isolar cada vez mais, pois cada novo contato ou nova exposição a antigo contato do mesmo jeito, machuca sempre no mesmo lugar, não me permitindo nunca cicatrizar essa bendita ferida que acaba ficando sempre exposta.



Eu cresci ouvindo frases do tipo, se você emagrecer o fulano vai querer ficar com você. E num impulso de burrice, na adolescência eu sacrifiquei minha saúde e emagreci bastante. Uma boa parte dos meus amigos demonstrou interesse em ficar comigo simplesmente porque emagreci e na época isso me deixou muito triste e arrasada! Pois realmente o único motivo era a mudança da minha aparência, eu continuava a mesma que os fazia rir e dava colo quando estavam tristes, só que era magra agora. Isso me mostrou bem cedo que poucos estão ligados na sua essência e sim na sua aparência, em ter alguém ao lado que se encaixe nos padrões da sociedade. Tornei a engordar e assim eu ficava sempre à margem na vida deles, eles tinham suas namoradas e eu era sempre a melhor amiga e eu, bem, eu era sozinha e só tinha esses laços que chamava de amizades.

Foram longos anos vivendo com migalhas de atenção, muitas lágrimas e amores não correspondidos, ouvindo frases do tipo fulano gosta de você, só não te assume porque você é gorda hahahahaahha. Acho que de tanta fome que me fizeram passar, hoje eu quero banquete! Quero me lambuzar, me deliciar até não aguentar mais. Chega de amor unilateral, chega de ser apenas uma amiga, mano, chega! Cansei disso! Me recuso a continuar nesse papel de coadjuvante, se for para ser isso, tô fora do palco, vou ser mambembe.

Eu quero ser aquela que vai fazer teu coração acelerar. brotar no teu pensamento e fazer surgir um sorriso bobo no teu rosto, a fonte de uma alegria antes de dormir ou ao acordar, a razão daquela espiadinha no app só para ver se tem uma notificação minha, a mulher que você olha e admira por quem ela é não só por fora, mas, também por quem ela é por dentro, pelos meus pensamentos, sentimentos e ideais. Alguém que você ama desvendar e quer conhecer cada vez mais, que te desperta admiração e encanto, que te faz rir, suspirar e às vezes até dá vontade de proteger pois é preciosa para você e por isso você não quer que ela se machuque. Só quero ser alguém que é amada do jeito que é, sem a necessidade de mudar só para agradar ou para ser aceita por alguém.

Quem sabe um dia surja um ser que vá olhar para essa ogrinha aqui(apelido carinhoso usado em família) e vá enxergar todo valor e encanto que ela tem né, nunca se sabe o que o futuro nos reserva. Até esse momento glorioso chegar, eu me recuso a ser a amiga coadjuvante novamente, pelo bem da minha sanidade mental. Nunca mais quero estar interessada em um amigo e viver nas sombras, sufocando e engolindo meus sentimentos, não mesmo! Me recuso! Migalhas afetivas nunca mais!










Beijões gordos,

Claudia Rocha

quinta-feira, 18 de março de 2021

Ser Invisível

 


Não é um super poder, é um fenômeno social que acontece com algumas pessoas e eu sou uma delas. No início dói todos os dias, com tempo continua doendo, mas, você acaba se acostumando a não ser notado. 

E tem dias que essa invisibilidade vai pesar, te jogar na maior bad e tem dias também, raros, em que alguém vai enxergar você e te notar de forma positiva. 

E esta semana eu vivi isso, conheci pessoas que me surpreenderam por simplesmente conseguirem me enxergar e se importar comigo. 

E caramba, isso trouxe um impacto maravilhoso na minha vida e que eu realmente não esperava sabe.

Gratidão a todos que enxergam os invisíveis aos olhos da sociedade e os acolhem e se importam com eles❤










Beijões gordos,

Claudia Rocha