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O gordo é sempre o culpado |
Quem aí é king ou queen size como eu e depende de transporte público para ir ao trabalho seja por praticidade ou falta de opção sabe o sacrifício que é para entrar, sair, permanecer ou sentar. Você precisa aprender rápido os macetes para driblar os obstáculos no seu caminho. Para os meninos acho que é um pouco mais tranquilo, pois não precisam carregar bolsa no cotidiano, o que é indispensável para as meninas.
Pois bem, tenho várias histórias envolvendo transporte público e odeio roletas, catracas e gente
empata porta que fica ali parada na frente da porta do trem, metrô ou ônibus...ou magrinhos espaçosos grrrrrrrrrrrrrrrr.....sem querer acabo rebocando todo mundo e passo por ignorante, mas o que posso fazer se tenho porte majestoso e os súditos rebeldes não abrem espaço oras!!
Pois bem, certa vez uma digníssima senhora virou para mim no metrô meio cheio, eu estava com uns 20 kg a menos, e falou:
- Você está tirando meu conforto!!
Eu estava voltando de um treinamento, com colegas de trabalho, todo mundo olhou para minha cara pensando, ferrou, a Cacau vai acabar com a mulher, mas eu, linda estava, maravilhosa e em silêncio permaneci, mas a senhora não se deu por vencida e continuou reclamando, e se tem uma coisa que me irrita é mulher que reclama de tudo e no meu ouvido....só sei que teve uma hora que me enchi, joguei meu cabelo a la GorDivah (tenho q fazer um gif disso LOL) virei para o lado e descasquei:
- O metrô está cheio de pessoas, mas EUUUUUUUUU estou tirando o conforto da senhora? Se for por falta de lugar para segurar eu estico meu braço, aqui querida, e levantei meu braço e falei, pode segurar eu não vou te deixar cair não, se for por isso tá resolvido...ué não vai segurar não? Ué, não entendi então. A mulher ficou pálida e se calou e meus amigos começaram a rir....virou uma piada nossa: Cacau você está tirando meu conforto kkkkkkk....eu não gosto de responder não sabe, mas estava azeitada já com aquela dona buzinando na minha linda orelhinha.
Cena 2: O bêbado e a gordinha no ônibus
Estava voltando do trabalho com duas amigas minhas que diziam que eu exagerava nesse papo de que gordos sofriam preconceito, que eu tinha mania de perseguição por causa do meu peso, etc etc. Aquele papo que mulheres com corpo perfeito e lindas de acordo com a maioria masculina, sempre tem na ponta da língua. Pois bem, eis que sobe no ônibus um cara bebaço, mas muito chapado mesmo, o 284 estava cheio, ele passou pelo corredor cheio de gente e chegou perto de mim. Eu sempre vou pra perto da porta, se possível, para não bloquear a passagem e também porque não quero ninguém se roçando em mim. O bêbado quando me viu falou meia dúzia de palavrões, aos berros, como se estivesse anunciando uma invasão alienígena:
- Não basta ela ser goooooordaaaaaa....ela tinha que bloquear a @#% da passagem...gorda isso, gorda aquilo, acho que foi uma tentativa de humilhação pública que não vou esquecer tão cedo. Minhas amigas encheram os olhos de lágrimas e eu fiquei lá rindo discretamente e pensando:
- Tomem suas magrelas, quero ver me dizer agora que isso aqui é minha imaginação kkkkk.....nunca mais elas falaram nada. Eu quase agradeci ao bêbado por isso.
Cena 3: O gentleman fofíssimo e a GorDivah no trem
Quem pega trem aqui no Rio sabe a lata de sardinha que é e como o pessoal vai sentado, um coladinho a vácuo no outro e como os caras são beeeeem espaçosos com suas perninhas e braços. O terror em qualquer trem que não tem assento individual é o gordo opressor, aquele que senta só para apertar o magrinho uhahahahauhauauh. Bom, raramente, muito raramente, algum cara é gentil comigo e me cede a vez para sentar e geralmente quando o fazem, tadinhos, não tem noção de espaço, volume, profundidade, pois me cedem lugares minúsculos. Eu tenho um problema muito sério, minhas coxas são um pouquinho grossas e eu devo estar pesando algo em torno de 125/130 kg. Eu não consigo sentar com os joelhos unidos durante muito tempo, dói, pois tenho que fazer muita força para manter esta posição, então preciso de espaço para sentar com o mínimo de conforto. Aí um carinha todo fofo comigo, me ofereceu o lugar para sentar, um lugar de onde tinha levantado uma magrinha baixinha....eu pensei esse cara está de brincadeira comigo, não é possível....tirei o fone do ouvido, sorri, agradeci e disse:
- Ah, muito obrigada, mas o espaço é muito pequeno, eu não vou caber aí. Coloquei o fone de volta, mantive minha postura elegante e ignorei as caras de risinho dos marmanjos em volta.
Para eu sentar ali, outras pessoas teriam que desembarcar e quando desembarcaram, não me fiz de rogada, falei com o cara que estava umas 3 pessoas depois de mim:
- Moço pode chegar para lá para eu sentar, por favor? Obrigada. Ahhhh...agora sim!
Um dos marmanjos que estava perto não se aguentou e ficou rindo, tentando disfarçar, com aquela cara de "não acredito que a gorda fez isso". Com meu óculos escuro hasta la vista baby, dei uma olhada na direção dele, ele sacou e se conteve um pouco. Mas nem fiquei brava com o cara não, para mim isso é super natural. Falo que sou gorda como se dissesse com licença, bom dia, normalmente. Eu achei muito engraçado uma vez que um senhor teimou comigo que eu ia caber num lugar estreito também. Eu falei para ele, não obrigada, sou muito gorda não vou caber ali....aí ele me mirou de frente, olhou meu quadril de mais de 1m e exclamou: ah cabe sim. Só na cabeça dele que eu ia caber ali naquele 0,5 cm!!!!!
Eu pensei, não acredito que esse coroa olhou pra minha bunda!!! Claro que não sentei, para alívio dos magrinhos.
Outra vez um cara me mirou de cima a baixo e falou, ah,,,não fala assim de você não, que isso....Mas eles não entendem que reconhecer meu tamanho para mim é como se eu estivesse falando quanto calço, para mim é natural, normal, não me sinto mal por isso, sou gorda, sou grande e preciso de espaço que me comporte devidamente oras! Não tenho vergonha de meu tamanho e tenho plena consciência de meu corpo.
Numa outra circunstância, eu me atrapalhei para passar numa porta giratória da supervia e o cara atrás reclamou, falou num sei o quê, e eu olhei para ele com meu olhar de fúria semicerrado que diz: - Qual é o seu problema!? Aí o cara se derreteu: nooossaaa não me olha assim não gatinha, que isso.....não faz assim.....que olhar....Não, fala sério, o cara não era normal não! Não lancei um olhar sexy, lancei um olhar mais psycho killer, mas o que importa é que de certo modo funcionou e eu enfim consegui liberar a porta.
A Inimiga Mortal: O Confronto
Catracas, roletas, portas de girar estreitas são os meus maiores pesadelos! Eu já fiquei presa em roleta de ônibus e ter que rebolar, dançar salsa para desentalar enquanto a fila atrás de você aumenta não é nada legal embora eu ame dançar. Agora me diz, pra que uma roleta dos infernos como essa abaixo?
Não basta ser estreita, tem que ser alongada e colocada num curral! Eles acham que só existe gordinho barrigudinho e esquecem que existem gordinhos bem distribuídos que não tem só barriga, como também perna inteira grossa. No dia que até minha canela ficou presa eu pensei, ferrou, mal consigo mexer os pés, como vou sair daqui? Aí fui jogando o quadril e o trocador me ajudou a girar a roleta. Nunca mais peguei ônibus daquela linha! E o pior são as pessoas te olhando como se você fosse um Houdini tentando fazer um número de escape!
Beleza, você sobrevive à roleta e procura o assento preferencial e vê um magro irritante e espaçoso sentado te olhando de cara feia. Você procura então um lugar em que tenha um magrinho baixinho com carinha amistosa, quando você tem sorte, encontra e pede licença, mas se o magrinho for preguiçoso, vai dar aquela clássica giradinha de ombro, 5 graus para a esquerda(como se isso aumentasse de fato o espaço livre) para você passar. Como eu virei expert em abuso e como constranger não-gordos em público eu peço gentilmente com olhar pidão do gato de botas:
- Meu bem, me desculpe, mas, gesticulo uma das mãos ao longo do meu corpo como se demonstrasse um produto e digo super doce, eu sou muito gorda, eu não consigo passar nesse espaço, você me faria a enorme (para reforçar meu tamanho) gentileza de levantar para que eu possa passar, por favor?
Aahahhaha, funciona sempre! Aí eu consigo sentar sem rasgar a roupa em algum parafuso do encosto do banco da frente....
Mas não termina aí, quando você chega ao trabalho...ta dã.....eis a catraca lá de novo!! Aí você passa quase dançando por ela, exige anos de prática e aperfeiçoamento! Eu passo girando discretamente de lado e deslizando como uma fada enquanto suspendo a bolsa para não derrubar as coisas em volta, o que quase fiz hoje pois estava distraída conversando. Esse lance de catraca é muito arcaico povo! Tem que fazer como no metrô de Lisboa, me senti tão gente lá....você passa o cartão e duas portinhas retraem permitindo sua passagem.
E vocês tem alguma história sobre as agruras dos gordinhos nos transportes públicos? Também já enfrentaram problemas assim?
Beijões Queen Size,